O (des)conforto da Metamorfose
A Mudança de cidade

Enquanto os pombos voam,
Eu sou caçadora de olhares.
Dos felizes, dos vazios
Dos serenos, dos intensos
Encantados, mas perdidos.
Saudosos,
Contam o tempo em capicuas
Para regressarem a casa
Daquela cidade
De subidas e descidas
De cores, sons e gente.
Fazem origamis para se confortar
E desconfortam-se nas metamorfoses do papel.
E então,
Reprimidos,
Libertam pássaros
Tentam apanhar aviões
daqueles dos quantos-queres
que querem quanto não têm.
Fingem bater asas
Da cor do céu,
Mas azul é papelão.
Se chove,
Não resistem.
Param de voar.
O tempo apaga o medo.
Desenha estrelas em constelações.
Dou por mim e já não sou céu vazio
A ver os pombos voar.
Sou desejo cadente
A pulsar
Na cidade que me caçou o coração
E tornou Invicta em Lar.