Next Stop: 2025

01-01-2025

2024, que viagem longa foi esta.

Tive tempo para me sentar e apreciar a paisagem da vida a correr. Da mundana normalidade acelerada que mal se apercebe da presença do revisor quando se aproxima para validar o bilhete. Desta vez, cúmplice da era do imediatismo e da saudade do estar presente, comprei online. Mas não soube ao mesmo de uma mão estendida e um "bom dia" apressado. Lamento todos os que ficaram por dar. Pergunta-me o nome. "Mariana Ribeiro"… ouvi-lo pela minha própria voz lembra-me quem eu sou. Educadamente, deseja-me uma boa viagem, assinto e sorrio por ver nele a bondade sem justificação. Comigo trago uma bagagem de pessoas mais leve, mas mais cheia dessa bondade escassa e, por isso, também de muita gratidão. Observo-o afastar-se. Confere o destino dos passageiros em diante. O mesmo destino que também eu já dei por adquirido e que em nada tinha de certo.

A todas as certezas que se transformaram em incertezas, um obrigada por me mostrarem que nem sempre posso ser eu a conduzir o comboio. Que as curvas são também necessárias para os vagões não colidirem entre carris. A todas as incertezas que se transformaram em certezas, um obrigada ao tempo que se encarregou de me mostrar sempre o melhor caminho de volta a mim e ao amor.

Tantos abanões. Movimento-me de um lado para o outro, sem saber como me afirmar. Sem saber como manter o equilíbrio. E quando o corpo cede em cair, levanto-me frágil, devagar, mas fico de pé. Aprendo a dizer sim, a dizer não. A permanecer firme, no que quero, no que sou.

Perco-me nas paragens e na dúvida. Quanto tempo faltará para chegar? Será mesmo esta a linha? Temo o incerto e o erro. Agora não sei. Aprendo a confiar. Logo verei. Quero ir para casa.

A cabeça pesa e balança suspensa de um lado para o outro. O sonho invade-me. Acordo com uma travagem brusca. Apercebo-me de que não cheguei a adormecer. Olho lá para fora, pela mesma janela de há bocado, mas agora tudo parece mais calmo. Reconheço a matrícula do carro estacionado em segunda via, em frente à estação. Vieram-me buscar. Sei quem são. Sinto-me segura por saber que já estão cá para me receber e que para eles a cancela nunca se fechará. Cheguei, finalmente, a casa.

2024, que viagem atribulada. Em ti, a vida deu uma das suas voltas bonitas de pára-arranca. Alternei entre pequenos avanços e recuos. Um progresso lento, de muitas aprendizagens, mas, no fundo, bastante feliz. Presenteou-me da sua forma mais perfeita: trouxe-me até 2025, exatamente onde e como queria chegar.

Mal posso esperar pela próxima viagem.